Laços ou nós? Pais e filhos adultos..
Casar, construir uma vida a dois, comprar a tão sonhada casa própria, ter filhos e poder criá-los da melhor maneira são os passos e sonhos de grande parte das pessoas em sociedade!
Mesmo que as ordens dos acontecimentos são estejam exatamente desta forma, a chegada dos filhos altera tudo na vida de um casal, o que exige ajustes para a retomada da intimidade e garantia do cultivo desta relação. É necessário muito diálogo e disponibilidade de ambos para que o desgaste não resulte em distanciamento nesta nova fase e dinâmica da vida.
Com o nascimento dos filhos, o casal ganha novas e importantes tarefas, cuidar e proteger as crianças, buscando novos caminhos no intuito de garantir o futuro destes, criando vínculos tão estreitos com os filhos que por vezes acabam sentindo dificuldades em liberá-los para uma vida independente.
Crianças crescem, tornam-se adultos que deixam de depender emocionalmente dos pais e buscam realizar seus sonhos e desejos. Estas fases naturais forçam o casal a despertar para novas fases e em busca de outros momentos. Alguns casais investem tão grandemente suas energias nos filhos que ao vê-los partir para uma vida independente, se olham e mal se reconhecem, perdem a intimidade ou no caso de pais separados, simplesmente não sabem o que fazer do vazio que fica em casa.
Casos clínicos demonstram que alguns genitores chegam a criar situações que dificultem a saída dos filhos de casa, seja para casamento, estudo em outra cidade ou apenas para maior independência. Este fator pode gerar grandes problemas emocionais, considerando que algumas mães acabam por viver uma rotina unicamente focada nas necessidades dos filhos e posteriormente com a ausência destes passam a viver sentimentos tristes e nocivos para o próprio bem estar.
São vários os sentimentos gerados pelo afastamento dos filhos: saudades, preocupação, sensação de perda, misto de ansiedade e alegria. Todos estes podem desencadear sofrimentos mais intensos, principalmente nas mulheres, pois estas são mais propensas a desenvolver depressão.
O sentimento de vazio vivenciado pelas mães e pais trata-se de um momento de crise existencial passageira, que pode possivelmente ser alterada pela inserção de uma nova rotina, buscando novas atividades e metas para usufruir dias a tempo para que uma maior tristeza (patologia) seja instalada.
A saída dos filhos de casa não deve ser sinônimo de crise, pois trata-se de um estágio natural do ciclo de vida, de uma mudança que a maioria de nós desejou para si próprio e que espera que os filhos mais cedo ou mais tarde também alcancem.
Se você se identificou, tente seguir estas dicas:
– Não negue a distância dos filhos, pense melhor sobre a situação, o amor entre vocês não deve mudar, assim como o que eles sentem por você;
– Busque disposição e energia para novas atividades e amigos;
– Cuide de sua aparência, faça atividades físicas, mantenha cuidados com pele, cabelo, etc.;
– Cuide com mais atenção da relação com o companheiro(a);
– Caso necessário, busque ajuda psicológica.
É óbvio que estes processos mentais acontecem de forma inconsciente, os pais e mães não possuem estas atitudes propositalmente e não percebem que estão utilizando da imagem dos os filhos como motivo principal para sua felicidade ou tristeza.
Se você está passando por essa crise, saiba que ela pode ser apresentar em vários níveis, podendo ser breve ou apresentar dores mais impactantes aos familiares. A melhor recomendação é que cada mãe/pai busquem apoio de amigos que já tenham passado por situações parecidas, para que possam se reorganizar em projetos de vida, tirando de foco apenas da ausência do filho.
Em casos mais graves a psicoterapia oferece cuidados especiais na reconstrução do papel familiar, da imagem de mulher, vida social, concepção da mãe de filho adulto, ligando sentimentos entre pais e filhos adultos com belos laços de amor e não com doloridos e difíceis nós a serem resolvidos.
