Crianças silenciosas

Crianças silenciosas

Sabe aquela criança que todo mundo conhece como a mais quietinha, que quase não dá trabalho aos pais? Diferente das demais que estão sempre agitadas ou hiperativas? Atenção, pois este comportamento não deve ser menosprezado, esta situação pode ser início de um quadro maior, o mutismo seletivo.

Mutismo seletivo é um mal, uma perturbação que provoca um comportamento de esquiva e recusa de crianças em relação à fala, quando expostas em espaços sociais ou pessoas estranhas. Como resultado: silêncio, nenhuma palavra, nenhuma interação!

Muitos pais não conseguem ter a certeza do mutismo, mas acabam desconfiando do comportamento dos filhos ao apresentarem excesso de timidez, chegando ao ponto de “não falar” com determinadas pessoas, em determinados lugares ou até mesmo com o psicoterapeuta.

Casos clínicos demonstram que muitas das crianças acometidas pelo mutismo possuem comportamentos normais dentro de casa, junto aos irmãos e familiares, mas apresentam mudança de comportamentos ao serem expostas fora destes círculos, emitindo por vezes o silêncio total, sussurros, apenas contato visual ou gestos não verbais.

Casos de mutismo são raros e acometem crianças entre 1 a 5 anos (no máximo), tratando-se de uma condição momentânea onde a criança pode ser simplesmente confundida como tímida, porém logo após alguns eventos, os pais começam a notar maiores sofrimentos como:

– Timidez excessiva, rejeição aos contatos ou diálogos;

– Alto grau de dependência de pais e familiares;

– Relutância para interagir em locais específicos/situações sociais;

– Relutância para falar com pessoas estranhas/coleguinhas;

– Dificuldades para se expor nas atividades escolares;

– Acessos de birra, raiva e agressividade;

– Isolamento social e tristeza;

– Evitação dos contatos de olhares;

São variados os motivos pelos quais as crianças passam a se comportar desta forma, por vezes motivados por traumas, experiências negativas com outras pessoas e em até 70% dos casos podem estar vinculados com a história psicológica dos próprios familiares.

Um dos fatores mais preocupantes do mutismo é o isolamento, pois os círculos de amizade destas crianças podem se tornar praticamente inexistentes, assim como maiores falhas ou impedimentos sérios em importante idade escolar. Sem dúvidas o maior objetivo do acompanhamento psicológico destes casos se dá no oferecimento de maior qualidade de vida a estas crianças e seus familiares, oferecendo oportunidades de resgatar o bem estar.

A timidez em si já é capaz de gerar grande desconforto psicológico para todos nós. Nos casos de mutismo, os efeitos nas crianças podem ser altamente paralisantes e justamente nas fases mais importantes do desenvolvimento.

A conscientização dos pais é importantíssima, assim como o devido acompanhamento psicológico destes, pois podemos estar nos referindo a um mal que pode ter ocorrido também com os pais, além de serem momentos angustiantes e de extrema ansiedade para todos envolvidos.

Busque auxílio profissional da psicologia, atualmente temos maiores facilidades e acessos a estes profissionais através de diversos meios, não permita que as dores psíquicas tomem conta de seu mundo e prejudiquem aqueles que amam.

Autor: 
Estela Cristina Parra

Psicóloga Clínica e Organizacional
CRP: 06/119083

Share this Post: Facebook Twitter Pinterest Google Plus StumbleUpon Reddit RSS Email

Comments