Falando de amor

Falando de amor

Amor igual ao teu eu nunca mais terei. Amor que eu nunca vi igual, que eu nunca mais verei… Amor que não se pede, amor que não se mede, que não se repete…”

Nesta canção Toni Garrido nos leva a pensar sobre a dor da ausência de um amor, que pode ser considerado modelo perfeito ou irreal, inalcançável… Mas será que este amor realmente existe?

Amor fraterno, que nos acompanha por tantos momentos da vida, ou não…Amor de pai e mãe, que nos cuida, nos provém sobrevivência, ou não…Amor de marido e mulher nos envolvendo nas fases mais importantes do companheirismo e maturidade, ou não… Tudo depende da saúde emocional das pessoas envolvidas.

É muito comum presenciarmos relacionamentos se acabarem, pessoas que culpam as outras pelas próprias frustrações, pela falta de vontade de fazer dar certo ou pela ausência de sensibilidade dentro de uma relação.

A grande realidade é que somos seres falhos na busca por esta completude, pois somos imperfeitos e não há nada no mundo que possa nos completar continuamente.

Todos os encontros com nossos objetos amorosos são sempre carentes e muitas pessoas passam a vida toda em busca de um grande amor, de um sonho material, de reconhecimento ou dinheiro, tentando a todo custo saciar esta incompletude, em busca da sensação de prazer, de um falso preenchimento.

Geralmente buscamos no outro (fora de nós) aquilo que nos falta, aquilo que desejávamos ser e assim fortalecemos laços que nos auxiliam a enfrentar nossas dificuldades. De acordo com S. Freud (médico e criador da psicanálise) é intrigante “como é forte uma pessoa quando está segura de ser amada”…

Porém o inverso também acontece, ao nos apaixonarmos, fantasiamos e idealizamos a outra pessoa e depois de conhecer melhor quem está ao nosso lado, passamos a vê-lo diferente de nosso ideal, pois esta pessoa possui desejos diferentes dos nossos, o que nos provoca frustração. Tecer reclamações sobre a vida e sobre pessoas é fácil, pode até ser prazeroso, mas o que estamos fazendo com isso tudo é transferir nossa responsabilidade para o outro, mantendo a falsa sensação de certeza a respeito de nossos atos.

Sofremos por tantos obstáculos, pela falta de emprego, pressões políticas, mas nada pode provocar tanto sofrimento emocional quanto a ausência de projetos futuros.

Ao procurarmos um médico, estamos em busca de soluções rápidas para curar nossas dores e alcançamos sim com medicamentos a melhoria de muitos de nossos sintomas e incômodos, porém o que fazemos com tais sofrimentos que teimamos em ignorar dentro de nós? Para S. Freud, o sofrimento pode brotar a partir de três fontes: do corpo, do mundo externo e das relações com os outros.

Tenho notado o aumento de pessoas que sofrem pela própria falta de identidade de frente aos relacionamentos, reflexos de conflitos iniciados na infância ou adolescência, novos conflitos familiares e péssimos pontos de referências que temos a seguir. Sendo assim como quase órfãos, devemos ter responsabilidade para buscar nossa satisfação, reconstrução e compreensão de nossas relações para guiarmos nossa vida de forma atuante e não como vítimas.

O acompanhamento psicológico pode ajudar com que cada pessoa se perceba verdadeiramente e caminhe em busca de uma nova história de vida, trata-se de um ato de coragem, pois significa uma busca pela quebra de paradigmas e amarras, possibilitando ao paciente poder se ouvir e tornar-se mais responsável. Tal acompanhamento não promete a “cura” e também não propõe a “mudança de suas opções pessoais”, mas trabalha toda reorganização e autonomia dos próprios desejos, fator este que permite grande alívio de conflitos mentais e promove atenção ao amor próprio. Pense, busque ajuda profissional, melhore sua condição emocional, suas esperanças e perspectivas em si próprio para depois poder oferecer isso ao seu parceiro. Nossas ações só dependem de cada um de nós, pois

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e atos.  A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando “você muda” (Luis Fernando Veríssimo).

Autor: 
Estela Cristina Parra

Psicóloga Clínica e Organizacional
CRP: 06/119083

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