Para que psicólogo se não sou maluco?
Estes são alguns dos pensamentos íntimos de algumas pessoas quando indicadas a fazer psicoterapia ou passar por avaliação psicológica. Muitos possuem ideias distorcidas destes cuidados, outros possuem vergonha ou até medos pessoais de passar por consultas. Porém todas estas “desculpas” que até certo ponto podem ser culturais, são motivos para evitar a sessão da psicoterapia e funcionam como defesas mentais, resultando ao mesmo tempo como mantenedores de ciclos viciosos que podem nos prejudicar.
No dia a dia podemos notar diversas pessoas que buscam manter uma aparência forte, principalmente nos mais velhos, negando a necessidade de cuidados psicológicos e até mesmo de cuidados médicos, por vezes sustentando “pré conceitos” para escapar da psicoterapia ou até mesmo de cuidados básicos de saúde.
Se conseguíssemos mensurar a vida de cada pessoa em longo prazo, conseguiríamos identificar resultados negativos que poderiam ter sido trabalhados ou até mesmo evitados se estas pessoas fizessem uso da psicoterapia.
É comum pessoas buscarem ajuda psicológica quando o nível de angústia e de dor se apresenta grande ou quando o estrago já está insuportável para continuar. Estes pensamentos da “não necessidade” de cuidados dificultam tratamentos, pois a não manutenção de nossas angústias, medos e traumas é extremamente prejudicial ao nosso corpo e à nossa mente, podendo gerar psicossomatizações no organismo e problemas interpessoais incalculáveis.
O que é Somatização ou Psicossomatização?
Tratam-se de tensões psicológicas (mentais), que facilitam e estimulam enfermidades e desequilíbrios em nossos órgãos (físico).
A somatização se apresenta com a presença de sintomas físicos sem que exista uma doença orgânica, por vezes motivadas pelo emocional abalado como exemplo a síndrome do pânico, na qual é possível sentir uma forte crise idêntica ao ataque do coração ou sensação de morte.
Já nas doenças psicossomáticas, podemos perceber alterações até mesmo em exames de laboratório, porém com causa psicológica. Esta é a forma que nosso corpo possui para reagir e tentar nos mostrar que algo não está bem, alguns exemplos são: irritações de pele, alergias, coceiras, vermelhidão, má digestão, enjôos, vômitos, diarréia, tosse, dificuldade para respirar, dor e inflamação a garganta, gripe, herpes, dores de cabeça e enxaqueca.
Uso indiscriminado de Remédios
Pesquisas conceituadas demonstram que sessões de psicoterapia modificam conexões neurais e padrões do comportamento humano, pois nosso corpo e nossa alma (o pensamento e o sentimento) são interligados, todos nós temos problemas mentais de menor ou maior grau advindos de conflitos inconscientes.
Fonte: estudo do sociólogo americano Ronald Kessler, replicado em diversos países |
Nosso cérebro pode ser dramaticamente modificado pelo acompanhamento psicológico, pois a psicoterapia oferece benefícios duradouros e maior qualidade de vida, contrário de alguns tratamentos medicamentosos que acabam por tratar e camuflar sintomas sem tratar a causa destas dores.
Somente o uso de remédios para buscar saúde pode ser considerado um horizonte distante quando não associado à psicoterapia, pois não existem “pílulas da felicidade” que permitam a abolição completa das angústias, embora minimizados as dores e sintomas, o motivo causador do problema continuará existindo sem o devido acompanhamento psicológico.
De acordo com a Revista Veja, Ed. 1882, de Dez/2004, sobre o equilíbrio de nosso cérebro, “a medicalização em larga escala ganha força” e para determinados casos de alterações psíquicas a terapia já seria suficiente, pois os pacientes não precisariam se sujeitar aos incômodos dos efeitos colaterais dos remédios”. Em boa parte dos transtornos mentais, os remédios promovem a recuperação apenas sintomática, ou seja, eliminam os sinais mais indesejáveis dos distúrbios, mas para a recuperação profunda e funcional, a psicoterapia é poderosa e necessária”
Segue algumas das situações em que você poderá precisar de um psicólogo:
- Em casos de problemas escolares;
- Problemas familiares e sociais;
- Prevenção, investigação e intervenção de cura de doenças;
- Problemas de aprendizagem e memória;
- Orientação vocacional (para cursos, faculdade, etc);
- Problemas de relacionamento conjugal;
- Abuso sexual sofrido por crianças;
- Tratamento de traumas diversos, manias ou fobias;
- Problemas de transtornos mentais ou síndromes (como pânico, obsessões, esquizofrenia, transtornos de humor, transtorno de personalidade;
- Transtornos de Alimentação como bulimia, anorexia;
- Hiperatividade e Impulsividade Infantil, problemas de ajustamento escolar e social;
- Depressão, ansiedade, estresses, angustias;
- Dependência Química (drogas, cigarro, álcool, etc);
- Acompanhamento de Gravidez e de internação e ou recuperação hospitalar;
- Trabalhos de Autoconhecimento / Autodesenvolvimento Pessoal e Interpessoal;
Psicólogo é médico de loucos?
Não, o psicólogo atua na área da saúde e em diversos outros setores, trabalham no comportamento humano, avaliando sustentações emocionais e processos mentais, avaliando e navegando pelas sensações, emoções, percepções, de forma que o paciente precise apresentar desejo para continuidade dos processos e cuidados e melhora das situações em que está vivendo.
O pré requisito para acompanhamento em psicoterapia inicialmente se dá em estar aberto e disponível para compreender da própria intelectualidade, de suas condições em se perceber, em se cuidar! Desta forma, nego a ideia de que psicólogo seja profissional para tratamentos apenas de loucos ou demências graves, o que nunca foi verdade!
Se precisar busque ajuda psicológica, lembre-se que o psicólogo é um especialista em gente, nos mais complexos cuidados dos sofrimentos psíquicos humanos.
Estela Cristina Parra
Psicóloga Clínica e Organizacional
CRP: 06/119083