O Medo
Que sensação ruim é esta que nos faz enxergar o mundo de forma tão distorcida, que nos faz pensar diferente ou até mesmo pensar errado? O lado bom disso tudo é saber que podemos mudar dentro de nós essa emoção que nos atrasa, mudando assim nosso modo de pensar, de agir e de sentir, nos libertando para a vida.
É absolutamente natural que o medo nos provoque momentaneamente a paralisação das nossas atividades cardíacas e respiratórias, afinal você já notou que logo após um susto nossa primeira reação é prender o ar? Sim, sentimos medo desde a barriga de nossas mães, quando ainda no útero somos estimulados a reagir de acordo com as contrações do parto. O susto provoca reações físicas, coração disparado, palidez, aumento da sudorese que umedece nossa pele e outras diversas reações internas que no momento do medo não notamos, como a dilatação das alças intestinais, contração dos vasos sanguíneos e grande liberação de adrenalina.
O medo pode provocar fobias importantes, alterações dos níveis de ansiedade que pioram com o tempo, gerando enorme falta de confiança, o que é altamente nocivo para nossa mente, pois provoca desesperança e frustração, afetando nossa capacidade profissional, relacionamentos, amizades e principalmente a chance de ter uma vida familiar saudável.
As ameaças do medo podem ser traduzidas nos pensamentos abaixo:
– Estou abusando;
– Estou sendo teimoso e radical;
– Estou sendo arrogante;
– Estou indo contra o mundo;
– Estou sendo irresponsável ou inconsequente;
– Estou ficando louco;
– Não vai dar certo;
– Serei punido;
– Vou sofrer muito;
– Vou perder as coisas que tenho;
– As pessoas vão se afastar de mim;
– Vou ficar isolado;
– Vou perder a oportunidade de ser feliz;
– Não vou conseguir;
Podemos então perceber que o medo é como uma percepção de que estamos fazendo algo errado e como punição podemos esperar por um castigo. Mas será que sempre estamos fugindo por medo ou muitas vezes acabamos fugindo para livrar-nos da sensação do medo? O comportamento de fuga pode ser interpretado de duas maneiras: pode ser uma forma de evitar alguns males, mas também pode nos impedir de enfrentar situações conflituosas que poderiam nos alavancar para algo melhor, ampliando nosso repertório experimental e levando a êxitos.
O medo exerce muita influência em todo o psiquismo humano, trazendo desprazer diante de um objeto, uma situação ou alguém e tais sensações mobilizam o corpo e o pensamento. A depressão é uma das doenças que pode ser iniciada pelo medo, pois se trata da consequência de uma mente que sofre por medo durante 24 horas no dia.
Nossa cultura nos ensina a tentar acertar sempre, mas em pleno século XXI devemos mudar nossos conceitos acerca disto, pois na verdade “errar” significa tentar novamente e promove superação e busca de maiores capacidades. Esta conduta ainda promove menor opressão, sensação de que podemos sim buscar novamente, resultando na manutenção de nossa vaidade, sentimento de poder e amadurecimento.
Somos humanos e errar faz parte da nossa natureza, criar filhos frustrados e incapazes pela frustração do erro é muito triste, ao invés disto, devemos ensinar nossos filhos a encarar com naturalidade seus erros e identificar qual a melhor maneira de aprender com eles.
O medo que interfere em nosso equilíbrio psíquico deve ser encarado como um sinal e precisa ser tratado, pois é um sintoma de que algo está errado dentro de nós. Experiências traumáticas ou lembranças ameaçadoras sempre causam a sensação de que algo ruim novamente irá acontecer, pois nosso inconsciente guarda marcas, fragmentos, vestígios de vivências boas e ruins, porém as ruins podem atrapalhar nossa vida.
Apenas reclamar dos medos e responsabilizá-los pela nossa infelicidade é mais fácil que tratá-los. Não deixe o medo assumir o controle de sua vida, pois quem manda é você!
Autor:
Estela Cristina Parra
Psicóloga Clínica e Organizacional
CRP: 06/119083